27 de janeiro de 2008

as novas "pesquisas" bibliográficas


Hoje, no Público, uma reportagem sobre o meu pesadelo das últimas duas semanas: o plágio, o copia-e-cola praticado pela generalidade dos alunos. Textos com ou sem referência à legítima fonte de onde foram retirados, muitas vezes, integralmente copiados. Da Wikipédia, de sites avulso ou mesmo de relatórios de alunos do secundário que se encontram disponíveis em vários sites.
Leio vezes sem conta as mesmas frases, corrijo vezes sem conta os mesmo erros...
E questiono-me sobre o porquê disto. Será que estes alunos não percebem que se eles encontram facilmente estes textos, os outros colegas também o farão? E que depois o professor, por muito despreocupado que seja, irá ler o mesmo em dois, três, ...dez relatórios?!

"Aquilo na Wikipédia está tudo tão bem escrito que não vale a pena nós mudarmos nada"
, diz uma das alunas ouvidas pelos jornalistas do Público.
- Não está, menina, não está. Na maioria dos casos, está escrito em português do Brasil. Noutros casos, tem erros. Mais ou menos graves, mas erros!

E os trabalhos repetem-se. Copiados de um só site, copiados de vários sites e colados ao bom estilho de uma manta de retalhos (conto os dias para voltar a ele e fazer mais!).
Por vezes, a falta de rigor leva-me a relatórios de experiências que não realizámos. Outras, a conclusões que não condizem com o que se testou.

Há de tudo. Com um denominador comum: copiados.

Duas semanas... Há duas semanas que grande parte dos meus dias são passados nesta caça ao plágio e ao copia-e-cola (porque, enfim, há alunos que referem o site de onde copiaram -integralmente- os textos dos seus trabalhos...).
Com tendência para continuar...

9 comentários:

GoEThe disse...

O que falta é o desenvolvimento do pensamento crítico. Basicamente, ninguém está a aprender nada. Nem se preocupam em verificar que o que estão a copiar está certo.

um livro sobre evolução disse...

Sim, isso também. Já tive a oportunidade de discutir a (in)existência de pensamento crítico com os alunos do 1º ano. E de auto-crítica. Sem grandes resultados...
Mas estes que tenho estado a ver são trabalhos de alunos do 4º ano, prestes a licenciarem-se e a ser eles próprios professores. Já não há margem para desculpas. É falta de tudo: espírito crítico, rigor, brio, honestidade,...

João disse...

Inclemência é a resposta. Selecção natural. Tudo para o lixo. É deste entulho "intelectual" que se está a fazer o futuro da nação. Este é o país que ensina aos jovens que bastas seres esperto e sacaninha para te safares.

João disse...

Inclemência é a resposta. Selecção natural. Tudo para o lixo. É deste entulho "intelectual" que se está a fazer o futuro da nação. Este é o país que ensina aos jovens que bastas seres esperto e sacaninha para te safares.

rita disse...

Ju, só para teres uma ideia da dimensão do problema, quando eles referem o site de onde copiaram determinado texto eu acho óptimo...
Ando a alternar entre sentir-me incrédula, frustrada e furiosa!
Fui bastante inclemente com o primeiro "lote" de relatórios de copia-e-cola; com este, seguirei o mesmo critério.
Não saberia fazer de outra maneira.

méli disse...

Sim! Inclemência, por favor!!!!! Porque se se chega assim a um 4º ano é porque para trás houve muito "deixa andar" por parte dos avaliadores!!!! É uma vergonha para o sistema de ensino! A promoção da mediocridade, da desonestidade... As pessoas não levam a sério nem o próprio trabalho, o próprio futuro! Não se levam a sério...
Este tema desespera-me e entristece-me... :(

um livro sobre evolução disse...

A mim também, priminha, a mim também... Principalmente por ser tão comum. Foi o que mais me surpreendeu (e surpreende, a cada novo relatório que leio!).

Anónimo disse...

Sempre que eu escrevo algo que tenha a ver com biologia certifico-me primeiro na wikipedia....

Unknown disse...

EStou pasmado!
É "zera-los" todos e se preciso fôr alarga-se a escala para os valores negativos!
E continuo pasmado!

Pedro C